O dia da mulher nos grupos de paquera
Esse #TBT era pra ter sido postado mês passado mas tava sem espírito diante da minha falta de espírito. E talvez minha falta de espírito seja diretamente proporcional a quantidade de grupos que participo no Facebook: de Clã de vampiros, a DJAFÃNS (fãs do Djavan), fotos cagando (onde é proibido fotos de cocô), ao grupo de pessoas aleatórias que imitam barulho de moto. Essas aglomerações nada saudáveis mostram que o Bate-papo da Uol nunca morreu (e talvez agora seja um zumbi torado fã de Gracyanne Barbosa). Alguém sensato me perguntaria o PORQUÊ disso tudo mas deixei isso de motivos pra trás. Indo de contra a música do Tim Maia: não me dê motivos, me dê grupos estranhos que exonerem qualquer passeata em favor dos motivos e estarei bem.
Na categoria AMOR, tem TODO TIPO de nicho sendo preenchido. De pessoas que tem atração por motoristas de ônibus, pessoas casadas e maduras, orgias de trisal na BR, o que você imaginar tem um grupo feitichizando aquilo. O funcionamento se assemelha a um avô do TINDER. Com a vantagem da interação ilimitada e até eventuais festas na piscina bem organizadas.
Ainda que a maioria seja administrado por mulheres, são os homens que mais postam e que mais infringem as regras (sim, sempre tem alguma regra pra tentar conter a foto de rola guardada que ninguém pediu) e as ADM estão lá pra utilizar do seu poder de veto.
No dia 8 de Março, é possível ver nesses ambientes, a completa desvirtuação do ~DIA DAS MULHERES~, ainda que os caras estejam ativamente desejando um bom dia.
Uma coisa é certa: nos últimos anos, o tal 8 de Março tem sido um dia bem estranho pra mim e isso só é reforçado pelos grupos de paquera, não causado por eles. Já tem muito tempo que esse virou um dia chato, pra ignorar as correntes de zap e ler listas com mulheres fodas com certo desânimo. Ainda que sejamos incríveis, empoderadas e de grelo na mão, os avanços dos nossos direitos parecem um grande BANDAID tapando nossa boca. Ainda que agora possamos votar, trabalhar, usar saia curta, o feminicídio só cresce, a violência não para e a injustiça parece não ter fim. Agradeço as amigas que conseguem manter o otimismo e nos relembrar da grande caminhada pra chegar até aqui, mas o que sinto no dia acaba pendendo pra confusão. Consigo no máximo exercer meu direito de me masturbar em paz e encontrar mais felicidade em anúncio de tilápia congelada do que nesse troca-troca de parabéns sem profundidade real.
Mas e aí? Ficou curioso pra saber se a galera de fato consegue molhar a tapioca nesses grupos? Confio na vontade do ser humano pra transformar tudo em putaria, mas vejo muito mais reclamação do que post comemorando. Talvez porque reclamamos muito mais do que amamos online. E com essa crítica social foda, te deixo enfim com uma autocrítica necessária, que faltou à esquerda nas últimas eleições mas sobra em posts daqueles que buscam romance em grupos virtuais.